A acessibilidade beneficia a todos. Mas como poderemos dizer se o conteúdo é acessível ou não? E como podemos torná-lo mais acessível?
Design universal é o design e a composição de um ambiente para que ele possa ser acessado, compreendido e usado em sua maior extensão possível por todas as pessoas, independentemente de sua idade, tamanho, habilidade ou deficiência (Centre for Excellence in Universal Design, 2014).
Design universal é a ideia de projetar incluindo a todos. Há muitas coisas em nosso cotidiano que foram projetadas para um grupo específico de pessoas, por razões que talvez já não sejam relevantes. Por exemplo, historicamente diversas ferramentas foram criadas apenas para pessoas destras – você ainda talvez precise comprar tesouras especiais, caso seja canhoto. Os princípios do design universal sugerem que tesouras são mal projetadas, e não contemplam canhotos, o que é prejudicial à saúde, pois exigem movimentos repetitivos para usá-las. Você consegue pensar em algo que tentou utilizar e não conseguiu, pois o designer não pensou em você?
Outra forma de se pensar no design universal é considerar o design inclusivo. Ao ter em mente todos os usuários, nós removemos as barreiras frequentes e sistemáticas que os impedem de usar os ambientes, ajustando e dando mais atenção a ferramentas e plataformas que nós talvez achássemos simples.
Experimentando a acessibilidade
Embora o design universal seja um conceito importante, pode ser difícil entender quais dificuldades você deve considerar, se não tiver experimentado problemas de acessibilidade por si mesmo. Caso você deseje se familiarizar com alguns dos problemas de acesso experimentados por certos grupos de pessoas, há diversos simuladores disponíveis online.
Provavelmente, o problema de acessibilidade mais discutido na internet é aquele experimentado por pessoas cegas ou com alguma deficiência visual. Os desenvolvedores possuem entendimento a respeito de como fazer conteúdo acessível para pessoas com deficiências visuais, por causa da disponibilidade de softwares de leitores de tela.
Leitores de tela leem o conteúdo digital em voz alta e permitem a navegação do conteúdo pelo teclado. Eles são softwares especializados e exigem muita prática para se tornar proficiente.
Para saber mais, assista a esse vídeo demonstrando o uso do leitor de tela em um site acessível e em um inacessível:
Como usar um leitor de tela tornaria sua experiência online diferente?
Se quiser, você pode tentar o Voiceover (no Mac e iOS), TalkBack (Android) ou NVDA (Windows) para ver um de seus sites favoritos. O site que você escolheu é acessível?
Leitores de tela não são as únicas ferramentas disponíveis para avaliar a acessibilidade. Existem também extensões gratuitas para o navegador Chrome, por exemplo, que permitem que você escolha diferentes simuladores, para ver a rede de diferentes perspectivas, como alguém com deficiência visual, dislexia ou má coordenação motora. Ele mostra exemplos extremos para te fazer compreender os obstáculos que tantas pessoas precisam superar para poder navegar na internet.
Conteúdo acessível na web
É fundamental que todas as pessoas sejam capazes de acessar a internet. A Iniciativa de Acessibilidade à Web, parte do World Wide Web Consortium (W3C) identifica quatro princípios importantes de acessibilidade relacionados ao conteúdo da web:
- Todos deveriam ser capazes de acessar um site e as suas informações;
- Todos deveriam ser capazes de usar e navegar em um site;
- Todos deveriam ser capazes de entender um site e as suas informações;
- Todos os sites deveriam ser consistentes entre as diversas plataformas, para que informação igualitária esteja disponível tanto em um navegador quanto em um leitor de tela.
Quantos desses princípios você percebeu funcionando nos sites que acessa regularmente?
Conferindo a acessibilidade na Web
Uma maneira fácil de conferir a acessibilidade de um site é analisando-o com ferramentas digitais. A Ferramenta de Avaliação de Acessibilidade na Web (WAVE) é um recurso gratuito para fazer isso. O WAVE procura problemas nos códigos de sites que podem afetar a aparência e a navegação.
Analise um site que você acessa regularmente com a WAVE tool. O que você pode nos dizer de sua acessibilidade usando o WAVE?
A acessibilidade e a lei
A acessibilidade não é apenas questão de ser um bom cidadão digital, é também uma responsabilidade legal. A Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (CRPD) consagra a importância da acessibilidade. O artigo 9 do CPRD diz que deveríamos remover as barreiras para pessoas com deficiências acessarem a internet e “promover o acesso das pessoas com deficiências a novos sistemas e tecnologias de comunicação e informação, incluindo a internet”. Já o artigo 21 do CRPD afirma que pessoas com deficiências têm o direito de liberdade ao acesso à informação”.
Além disso, as empresas no Brasil estão todas sujeitas à Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência, que protege pessoas com deficiências de certos tipos de discriminação. A Universidade de São Paulo criou o programa USP Legal, por meio da Resolução 5971/2011, que visa definir e implantar políticas de inclusão às pessoas com deficiências.
Saiba mais:
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- Princípios do design acessível do Web Accessibility